Sejam bem vind@s!

Aqui compartilhamos nossas experiências e impressões de um Brasil looonge dos grandes centros urbanos, bem distante das metrópoles e capitais. Um país ainda desconhecido para a maioria d@s brasileir@s, principalmente de quem vive na região sudeste. Tenham tod@s uma boa viagem!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Chipa


Cidade morena é o apelido carinhoso de Campo Grande-MS. A razão disso não reside na cópia de morenas que aqui campeia; posto que há também loiras, ruivas, índias, orientais, cafusas e todas as outras cores da paleta de epidermes humanas. O epíteto “morena”, na verdade, provém da cor da argila local que é bem escura.
A comida aqui é uma das mais baratas do Brasil. Costumo almoçar num restaurante vegetariano chinês um prato feito (caprichado e bem arrumado) a R$ 5,00. Os salgados de lanchonete giram em torno de R$ 1,00 a R$ 1,50 e são muito bons. Chovem ofertas de 5 salgados a R$ 3,50.
Mas o salgado típico de Campo Grande é a “chipa”. De origem paraguaia, a chipa é uma espécie de pãozinho dobrado em “U”. Sua massa assemelha-se à massa do pão de queijo, porém a consistência é mais densa e o sabor mais encorpado. É uma delícia quentinha com café ou suco. Costuma ser vendida em toda parte: lanchonetes, padarias, supermercados, bares e conveniências.
Para fazer a chipa, ensina a receita das bancas 29 & 63 do Mercadão Municipal, são necessários: 1 copo de leite; 6 ovos; 1 copo de óleo ou 4 colheres de manteiga; 1 kg de polvilho doce ou azedo; 750 gramas de queijo; 1 pitada de sal e 1 colher de sopa de fermento em pó. Misturam-se numa bacia os ingredientes na seguinte ordem: (1º) o polvilho e o queijo; (2º) os ovos, o óleo (ou a manteiga), o sal e o fermento. Por último, adicione o copo de leite e misture até que a massa fique no ponto de ser enrolada. Caso contrário, adicione mais leite. Confeccione as chipas em forma de “U”, coloque-as em formas untadas e asse-as em forno previamente aquecido.
É necessário alertar que a chipa deveria ser evitada pelos aziáticos, ou seja, aqueles que padecem de azia crônica, assim como soe ser o dragão de São Jorge. Nada que não possa ser facilmente resolvido com uma colher de sobremesa de bicarbonato de sódio em copo d'água ou uma limonada sem açúcar. Em breve, postarei informações sobre o caldo de piranha e o pastel de jacaré, famosíssimos também no pedaço. Minha dieta fica para a semana que vem.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Dicionário Redencense

Aqui em Redenção, me deparei com palavras e expressões que ou eu não conhecia ou a aplicação no sudeste era outra.  Abaixo segue algumas “traduções”.
Vou agorinha: Expressa um desejo de quem diz  falar que “está chegando”. Na prática significa que você tem que esperar a pessoa por tempo indeterminado.  Pode-se comparar com o  famoso “ é logo ali” do mineiro;
Chambari:  Músculo bovino da  pata (coxa ou canela) com osso.   Prato bem comum em restaurantes e botecos populares, segundo o google é  um prato típico da culinária de Tocantins, e no sul do Brasil e na Itália este corte é chamado de “ossobuco”, que significa osso com buraco. Aqui na cidade, custa  menos de R$ 2,00 o quilo no supermercado;
Açafrão:  Esta confusão é bem comum!  Eu enquanto amante da Paeja espanhola, me surpreendi com a abundância na utilização da especiaria na culinária local. Pois eu conheço o açafrão como um tempero extraído  de flores da planta de forma bem artesanal e de pouco rendimento ( o google falou que são necessárias cerca de 100 mil flores para a obtenção de 5kg da iguaria). E custa muito caro!  Pois agora vai a explicação: aqui se cultiva o açafrão-da-terra, planta da família do gengibre (de formato parecido), que é a base do famoso curry ( por isso encontramos no Brasil paeja temperada com este condimento indiano)  - que muda todo o sabor -  mas também fica uma delícia! O açafrão-da-terra  deve ser plantado longe da horta. Pois por ser um tubérculo, nasce em baixo da terra e atrapalha o desenvolvimento das raízes das demais hortaliças.
Frango (ou galinha) caipira:  Objeto de desejo dos “ladrões de galinha” da região. Isso porque um frango normal limpo custa em entre R$ 6,00 e R$ 12,00 (depende do peso) enquanto um caipira entre R$ 17,00 e R$ 30,00. O fato é que os frangos denominados “caipiras” aqui na região possuem coloração amarela – tanto faz se comprados em feiras ou consumidos em restaurantes.  Em Minas, a cor da carne do frango caipira não é tão diferente dos “de granja”.  Fiquei encafifada com aquele amarelo...  Após minuciosa pesquisa descobri que eles passam o tal açafrão - da - terra nestas aves.  Até aqui tudo bem, contudo recebi uma denúncia séria: muita gente vende frango comum “amarelado” como um “caipira”. Diante da constatação decidi plantar o tal açafrão e banir de meus planos a criação de galinhas!  Mesmo porque, a diferença só pode ser vista depois da ave na panela... Sem contar que iria fazer amizade com as coitadas e depois não conseguiria comê-las!  Então compramos o frango ora  caipira, ora  de granja e quando  dá vontade “taco” cor nele, e não desperto a atenção destes marginais (os ladrões de galinha)!  Hehehehe
OBS.: Realmente eu tenho a mente gorda!  A maioria das palavras que me lembrei pra postar aqui são relacionadas a comidas! Ô “mulé” gulosa!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cidade Morena

Já estou em Campo Grande, a "cidade morena". Primeiras impressões:
  • Ruas em traçado xadrez que acompanham os pontos cardeais. Avenidas largas; trânsito organizado;
  • População: cerca de 800 mil; povo tranquilo, educado, gentil;
  • Parte do comércio aberto no domingo (Lojas Americanas, Casas Bahia, farmácias, lanchonetes, self-service et.);
  • Arborização pública razoável;
  • A cidade não é tão quente como pensava. Há uma boa brisa. As manhãs são frescas;
  • Há distribuição gratuita de jornais na praça;
  • Parece segura: já andei perambulado à noite e não vi nada que me alertasse...
Quando puder faço mais comentários e publicarei fotos.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Redenção percebida pelos 05 sentidos

Como a curiosidade de todos sobre meu novo habitat é grande, resolvi simplificar e traduzi minhas impressões do local  através do que meu corpo sente.

Tato: coceira, principalmente nas pernas;
Olfato: quando está chuvendo, cheiro de chuva (dãã). Quando não chove, cheiro de queimada (as pessoas queimam lixo por aqui);
Audição: galinha, moto, estalo de estabilizador ligando e desligando, trovoada;
Paladar: acerola e pimenta
Visão: asfalto esburacado & natureza viva;


Em tempo: as acerolas da foto foram colhidas do meu quintal!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Poemas de Viagem III

Letra e música de Alceu Valença:

Vou danado pra Catende

Ai
Telminha
Ouça esta carta
Que eu não escrevi
Por aqui
Vai tudo bem
Mas eu só penso
Um dia em voltar
Ai
Telminha
Veja a enrascada
Que fui me meter
Por aqui
Tudo corre tão depressa
As motocicletas se movimentando
Os dedos da moça
Datilografando
Numa engrenagem
De pernas pro ar

Eu quero um trem
Eu preciso de um trem
Eu vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
E o sol é vermelho
Como um tição
Eu vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegar
Mergulhão, mucambos, moleques, mulatos
vêm ve-los passar
Adeus, adeus, adeus

Adeus morena do cabelo cacheado
Maribondo sai da mata
Que lá é casa das caiporas
Caiporas, caiporas, caiporas